"Ajusto-me a mim, não ao mundo." (Anais Nin)

sábado, 19 de dezembro de 2009

Protagonista



Texto Publicado na Revista Ideia - Edição de Novembro de 2009

No filme “O amor não tira férias”, Arthur Abbot, um renomado e idoso roteirista de cinema diz a Íris, quando esta lhe confessa seus problemas amorosos: “Nos filmes, nós temos a protagonista e a melhor amiga. Você, eu posso dizer, é a protagonista, mas por alguma razão, vem se comportando como a melhor amiga.” Metáforas cinematográficas à parte, o fato é que muitas mulheres lindas, fortes e inteligentes acabam por se desmancharem por causa de amores não (ou mal) correspondidos.
Num mundo que cultua a beleza, a juventude e as relações superficiais, a insegurança e o medo da solidão acabam por criar uma legião de mulheres que, consciente ou inconscientemente levantam a bandeira do “antes mal acompanhada do que só”. E acabam por sofrerem relacionamentos que causam dor e ciúme. Anulam as próprias vontades e desejos pra viverem os do parceiro. Tentam, de qualquer forma se adaptarem a padrões impossíveis de comportamento pra não perderem a pessoa amada. E não vêem que não apenas elas, mas todos as estão perdendo.

Os homens sempre gostarão de mulheres belas com pouca roupa. É uma dessas leias imutáveis da natureza. Eles farão comentários idiotas, virarão o pescoço e ficarão sorrindo (e se comportando) de forma boba quando uma delas usar o charme em sua direção. Eles serão frios com alguma freqüência, especialmente quando estiverem preocupados com questões financeiras ou profissionais. Eles tentarão parecer mais desejados do que são, pra provarem o próprio valor. E mais cedo ou mais tarde, trocarão suas parceiras pelos amigos, pelo futebol ou pela cerveja.
Mas no fundo, todo homem reconhece uma boa mulher, especialmente na própria. Existe o companheirismo que só a intimidade traz, os colos e os cuidados. No pódio, acima de todas as outras, estão a mulher amiga, a que é a boa mãe pros seus filhos, a batalhadora. Aquela que arrasa na elegância, que é ótima cozinheira ou anfitriã. A que trabalha duro e tem uma carreira promissora. A mulher que ajeita o cabelo e o colarinho do seu amado antes que ele saia de casa. E uma vez que ela tenha consciência de seu próprio valor, o verá sempre refletido no olhar de seu companheiro.

No entanto, se a questão ultrapassa os problemas da rotina e o flerte se transforma em caso, a distração em indiferença e os modos crus em grosseria, é preciso ser coerente com si mesma e os próprios sentimentos. Nenhuma separação, por mais dolorosa que seja pode ser pior do que viver se violando e aos próprios valores.

O fato é que, seja para ficar ou pra ir, mulheres devem ser protagonistas da própria vida. Conhecer e respeitar as suas qualidades, defeitos e limites a fim de que nenhum homem, mocinho ou bandido, lhes tire a capacidade de brilhar nas telas do seu próprio filme.

5 comentários:

Fah disse...

O ultimo parágrafo diz tudo. Gosto demais dos seus textos, moça! =)

Só discordo de uma coisa: mocinhos e bandidos. sem ofensa, mas todos são bandidos, levando em consideração que quando você "se atende", acaba pisando no rabo do seu próximo. Nem é questão de esperar o pior das pessoas, acho que tá mais pra se lembrar que quase nunca a vontade do outro vai ser boa pra você (o contrário também). O truque é aprender a conviver com isso, mesmo. A gente escolhe: ou se submete e engole a frustração pra manter o parceiro do lado, ou cai fora e segue o jogo. Acho a segunda forma sempre melhor, inclusive porque se a criatura quiser mesmo a tua companhia, vai compartilhar o esforço e procurar ser algo melhor pra você, de alguma forma. Acho que isso vale, inclusive, pras amizades.

Aninha **Fairy** disse...

oi Carol!!
Te adicionei no meu blog. Não sabia que vc ainda escrevia!!!

http://anapaulavono.zip.net

Beijos!!!

Carol disse...

o seu blog é uma delícia!

Lari disse...

Carol! Fiz um blog sobre a minha dieta... cola lá ;) Beijão!

Daniel disse...

Muito bom mesmo o texto. Mas eu acho que quando as mulheres têm aquele comportamento de se anularem pra agradar e continuar com alguém elas estão na verdade é invertendo o ditado, pensando "antes mal-acompanhada do que só". Tá certo que é difícil encontrar um sujeito sério e que as trate como elas mereçam, mas nem por isso elas devem se conformar e aceitar qualquer traste, só pra não ficarem sozinhas.
E outra coisa que você citou que eu acho muito errado é essa distinção que os homens fazem das mulheres. Pra eles algumas são pra se divertir mas nunca pra ter algo sério, casar então nem pensar. Eles querem ter uma namorada/esposa séria, pra apresentar pra família, mas querem continuar ficando e transando com as outras que eles consideram "inferiores". Um absurdo, pra dizer o mínimo.
Até mais.