"Ajusto-me a mim, não ao mundo." (Anais Nin)

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Ah, look at all the lonely people...

Tem gente que nasceu pra ser sozinho. E não digo isso com a amargura daqueles que acabaram de tomar um pé na bunda. Mesmo por que, num mundo imperfeito, de pessoas imperfeitas como o nosso, acreditar que vai passar a vida toda sem ser traído, magoado ou humilhado, é insanidade. Ou arrogância. Mas no fundo, todas as pessoas que estão berrando aos quatro ventos que nunca mais amarão na vida, esperam lá no fundinho que isso não seja verdade, que o grande amor apareça e faça isso tudo virar uma triste lembrança.

Todas, menos os membros do Clube da Autossuficiência. É, pois existe uma categoria de pessoas pra quem o desgaste de um relacionamento não compensa a parte boa. Pessoas com dificuldade em se comprometer ou que, embora tentem com afinco, tem problemas em ceder, ainda que um pouco, em suas convicções, vontades ou crenças em prol do parceiro. Ou da relação.

Egoístas? Problemáticos? Ora, se no vastíssimo mundo das peculiaridades humanas tem espaço pra pessoas que cometem as piores atrocidades, por quê tamanha preocupação com quem não acha que precisa encontrar uma metade pra ser feliz? Ser sozinho num mundo feito para pessoas juntas é um bocado complicado. É como se você abrisse um precedente pra que todas as pessoas se intrometam na sua vida. Os pais se preocupam, os conhecidos tentam te juntar com alguém, os amigos casados ficam com pena, os solteiros te incluem no grupo do "estou louco por um grande amor" e estranhos dizem "Ah, um dia você encontra sua metade".

Não, muito obrigada. Sou uma pessoa inteira e completa, que aprecia ter as rédeas da minha vida nas mãos, que defende a independência e que acha que a única razão pela qual duas pesssoas devam viver juntas é se elas conseguirem proporcionar felicidade recíproca. Sim, eu sei que todo relacionamento passa por momentos bons e ruins. Mas qual o sentido de estar numa relação se ela é mais sofrida que vivida? Quantas e quantas pessoas eu encontro diariamente pra quem o parceiro é fonte de dissabores, mágoas, brigas, agressões, cobranças e até, solidão? Do pior tipo, pois ser sozinho e livre tem suas vantagens. Ser sozinho acompanhado, não.

Eu expulsaria o grande amor se ele aparecesse? Provavelmente não. Pessoas sós, embora não gostem de ouvir falar de pessoas juntinhas, sabem amar. Elas apenas não consideram relacionamentos amorosos o aspecto primordial da vida e pensam que, pra valer a pena abrir mão de parte de si mesmo, é preciso uma relação de respeito e troca mútuos. E com uma grande dose de independência entre os parceiros.

Não, eu não preciso de "alguém". Eu preciso de água, oxigênio e alguns nutrientes. Eu preciso de amigos, da minha família, do meu trabalho, da minha saúde. Se um dia alguém aparecer, alguém que faça meu coração se sentir leve e meu corpo, em casa, esse alguém será bem vindo pra compartilhar minhas alegrias e meus dramas. E trazer os dele, pra que eu os divida também. Até lá e se, o prazer de agradar apenas a mim mesma (no limite da civilidade) ainda é o maior que posso ter.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Something Old, Something New...

Eu falava com alguns amigos sobre desapego. Esse negócio de doar roupas que não são usadas há mais de um certo tempo ou queimar cartas antigas. Enfim, aplicar na prática aquele chavão de auto-ajuda sobre eliminar o que não serve mais para que as coisas boas possam entrar.
Isso fica muito mais complexo no que diz respeito a sentimentos. Desapegar-se de situações emocionais destruídas, abandonar mágoas carregadas por anos como uma bagagem extremamente pesada e desajeitada, parar de tentar consertar o relacionamento quebrado, estes sim, verdadeiros desafios. O tal do deixar ir... Eu olho em volta e vejo pessoas que saem de uma situação pra outra com naturalidade. Pessoas que encerram seus capítulos, fecham seus livros e fazem daquela história apenas isso: algo a ser recordado. Outras, categoria na qual eu infelizmente me incluo, passam pelas situações e deixam pedaços grandes de si pra trás. E trazem souvenires enormes, caros e inúteis na bagagem.
Pra mim, nada mais doloroso do que finais. Eu posso estar totalmente desligada da situação, da coisa ou da pessoa, mas é só me dizerem que não posso mais ter aquilo, e a ansiedade sobe a níveis altíssimos e eu quero me apegar, manter a qualquer preço. Injusto e nada saudável.
Hoje sei, porém, que não posso ser livre se estou ancorada em velhos padrões, velhas relações, velhos hábitos. E liberdade ainda é algo que eu desejo mais do que qualquer outra coisa. Apreciar minha companhia, olhar pra dentro de mim e ver que sou uma pessoa completa e que qualquer vivência que eu tenha vai ser por amor, por alegria, por vontade... Nunca por medo, posse ou obrigação. Desse jeito a vida não te quebra. E sem esse monte de malas, a gente pode caminhar mais livremente e com mais segurança.
Eu estou rompendo e encerrando tudo e o que quer que seja que me doa. Oficialmente, cortando as amarras. Já derramei lágrimas por uma vida pelos mesmos e tediosos motivos. Agora eu quero o novo, agarrar as boas oportunidades que surgirem sem dó. Algumas perdas vão machucar mais que outras. Mas no final,nada fará falta. O que for mantido, será clássico, atemporal, pra vida toda. Amado e bem vindo como uma boa música velha.