
Texto Publicado na Revista Ideia - Edição de Novembro de 2009
No filme “O amor não tira férias”, Arthur Abbot, um renomado e idoso roteirista de cinema diz a Íris, quando esta lhe confessa seus problemas amorosos: “Nos filmes, nós temos a protagonista e a melhor amiga. Você, eu posso dizer, é a protagonista, mas por alguma razão, vem se comportando como a melhor amiga.” Metáforas cinematográficas à parte, o fato é que muitas mulheres lindas, fortes e inteligentes acabam por se desmancharem por causa de amores não (ou mal) correspondidos.
Num mundo que cultua a beleza, a juventude e as relações superficiais, a insegurança e o medo da solidão acabam por criar uma legião de mulheres que, consciente ou inconscientemente levantam a bandeira do “antes mal acompanhada do que só”. E acabam por sofrerem relacionamentos que causam dor e ciúme. Anulam as próprias vontades e desejos pra viverem os do parceiro. Tentam, de qualquer forma se adaptarem a padrões impossíveis de comportamento pra não perderem a pessoa amada. E não vêem que não apenas elas, mas todos as estão perdendo.
Os homens sempre gostarão de mulheres belas com pouca roupa. É uma dessas leias imutáveis da natureza. Eles farão comentários idiotas, virarão o pescoço e ficarão sorrindo (e se comportando) de forma boba quando uma delas usar o charme em sua direção. Eles serão frios com alguma freqüência, especialmente quando estiverem preocupados com questões financeiras ou profissionais. Eles tentarão parecer mais desejados do que são, pra provarem o próprio valor. E mais cedo ou mais tarde, trocarão suas parceiras pelos amigos, pelo futebol ou pela cerveja.
Mas no fundo, todo homem reconhece uma boa mulher, especialmente na própria. Existe o companheirismo que só a intimidade traz, os colos e os cuidados. No pódio, acima de todas as outras, estão a mulher amiga, a que é a boa mãe pros seus filhos, a batalhadora. Aquela que arrasa na elegância, que é ótima cozinheira ou anfitriã. A que trabalha duro e tem uma carreira promissora. A mulher que ajeita o cabelo e o colarinho do seu amado antes que ele saia de casa. E uma vez que ela tenha consciência de seu próprio valor, o verá sempre refletido no olhar de seu companheiro.
No entanto, se a questão ultrapassa os problemas da rotina e o flerte se transforma em caso, a distração em indiferença e os modos crus em grosseria, é preciso ser coerente com si mesma e os próprios sentimentos. Nenhuma separação, por mais dolorosa que seja pode ser pior do que viver se violando e aos próprios valores.
O fato é que, seja para ficar ou pra ir, mulheres devem ser protagonistas da própria vida. Conhecer e respeitar as suas qualidades, defeitos e limites a fim de que nenhum homem, mocinho ou bandido, lhes tire a capacidade de brilhar nas telas do seu próprio filme.